Entre os dias 4 e 7 de maio ocorreu em São Paulo a Feira Nacional da Reforma Agrária, no Parque da Água Branca, promovido pelo MST – Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. Este foi o segundo encontro do gênero, possibilitando o encontro entre os agricultores dos assentamentos de todo o País, e os consumidores urbanos, diretamente, sem intermediários.
Para o MST, a feira não se restringe à comercialização e à divulgação da produção de alimentos. De acordo João Paulo Rodrigues, da coordenação nacional do movimento, o evento propõe o debate sobre a alimentação saudável, a produção dos alimentos orgânicos e o modelo agrícola, além de estimular a luta contra os agrotóxicos. “Ou seja, mostrar porque somos contra o agronegócio e queremos uma reforma agrária popular”, pontuou.
Atrações culturais
Além de produtos agroecológicos e saudáveis, a Feira da Reforma Agrária promoveu mostras culturais, debates, apresentação de artistas e uma feira literária com a participação de diversas editoras, como a Livraria Expressão Popular.
No sábado (6), por exemplo, o seminário “Alimentação Saudável – um direito de todos e todas” recebeu o ex-presidente do Uruguai José Pepe Mujica e o coordenador do MST, João Pedro Stedile.
No domingo (7) foi realizado pela manhã, no auditório do Instituto da Pesca, debate sobre o aumento da miséria no Brasil, a questão fundiária e sua relação com os atrasos no programa de Reforma Agrária do governo Federal, que vem patinando nos últimos anos e praticamente parou no governo Temer.
O debate, entre o professor Ariovaldo Umbelino de Oliveira, geógrafo da USP, e Delwek Matheus, da Coordenação Nacional do MST, foi mediado pelo advogado Carlos Duarte, do SASP, que representou a Associação de Amigos da Escola Nacional Florestan Fernandes.
Segundo o professor Ariovaldo, “as terras no Brasil estão ao deus-dará, mas ainda assim existem terras a dar com pau neste País” que, segundo ele, tem plenas condições – muito maiores que em qualquer outra parte do mundo – de realizar uma reforma agrária que contemple amplos segmentos da população. Mas, para ele, a prioridade para a distribuição de terras deveria ser dada aos indígenas, quilombolas e camponeses.
Para Delwek, do MST, um projeto do governo Temer, de autorização de compras de terras no Brasil por estrangeiros é uma ameaça à Soberania Nacional. Para ele, outro problema é o programa “Terra Legal”, de regularização fundiária, que destina-se muito mais à legalização da grilagem por fazendeiros e latifundiários, do que para resolver os conflitos de terras no Brasil, que vem vitimando sistematicamente lideranças indígenas e de sem-terras.
Ariovaldo Umbelino defende o levantamento da cadeia dominial das terras no Brasil, especialmente as terras desapropriadas pelo INCRA nos imóveis destinados à Reforma Agrária, e no grandes latifúndios. Se a cadeia dominial (histórico de todos os proprietários anteriores) fosse levantada, surgiriam as grandes fraudes praticadas nos cartórios do País.
Carlos Duarte, durante o evento, aproveitou para convidar a todos que participem como colaboradores da Escola Nacional Florestan Fernandes, uma iniciativa educacional e de formação política para os trabalhadores, idealizada e construída pelo MST. Para mais informações, entrar no link: http://amigosenff.org.br/
(Comunicação SASP, com informações do Brasil de Fato e ENEFF)