Por Vitor Marques //
No dia 20 de maio pessoas dos mais diversos espectros políticos se reuniram para expor um medo: a extinção da democracia. Sem este sentimento – medo-, certamente, o encontro não aconteceria na composição em que ocorreu.
O professor e amigo Pedro Estevam Serrano foi o responsável por unir, como de costume, pensamentos comprometidos com o país. Por articulação do sociólogo Fernando Guimarães e do querido advogado Marco Aurélio Carvalho, foi possível encontrar pessoas como Celso Antonio Bandeira de Mello, Weida Zancaner, Fernando Haddad, José Gregori, Guilherme Boulos, José Aníbal, Aloísio Mercadante, Soninha Freitas, Aldo Rebelo, Flávio Crocce Caetano, José Luiz Penna, Eduardo Suplicy, Ramalho da Construção, Emídio de Souza, Daniel Annemberg, Eleonora Nacif, Ricardo Toledo, Ana Amélia Mascarenhas, entre outros/as.
Ao longo da história recente, de modo geral, dois campos ideológicos separaram estas pessoas e as demais que estavam no encontro. Ainda que separados, o solo pisado sempre foi o mesmo: o da democracia.
Ocorre que, a partir das medidas e desejos manifestados, temos visto que a proposta do atual governo Bolsonaro é alterar o que de mais caro conquistamos após a ditadura militar.
É justamente o ambiente democrático que permite e deseja que as diferenças convivam em plena harmonia, respeito e tolerância.
Ao defender um novo paradigma de Estado, na verdade, o que se pretende é a extinção dos diferentes por meio da arbitrária identificação destes como inimigos do estado.
Formas de pensar e agir diferentes daquelas defendidas pelo atual governo não deveriam fazer de ninguém um alvo do Estado. Exemplos históricos são suficientes para nos mostrar que o caminho traçado por esta premissa só causa rupturas no corpo social.
Não é demais relembrarmos a estratégia de regimes totalitários para solidificar seus núcleos de apoio contra as forças oprimidas que lhe faziam oposição, como o caso do nazismo que até hoje ronda o imaginário alemão com o crescimento dos movimentos neonazistas .
Por meio da propaganda reiterada de supremacia da etnia caucasiana e da responsabilização das demais etnias pela tragédia vivida na Alemanha, o regime nazista apresentou uma ideia que persiste até hoje.
É simplesmente lamentável que o atual governo use da legitimidade conferida pelo sufrágio eleitoral como permissão para esfacelar as bases institucionais que sustentam a democracia.
Diferentemente de um conceito abstrato e distante do nosso cotidiano, Democracia é o regime que possibilita a coexistência de diferentes formas de pensar na identificação do bem comum a ser buscado por todos. Uma democracia plena é aquela que fomenta a participação de diferentes atores nos espaços públicos – e não aquela que exclui e marginaliza vozes que se opõem ao proposto pelo transitório governo.
Devemos todos nos unir pela Democracia! Sobretudo pelo o que ela representa na vida dos cidadãos brasileiros: tolerância, respeito e inclusão.
Como lembrou o ex-ministro José Gregori: democracia, sempre!
Brasil 247*