Ocupação da USP
No dia 8 de junho, a Comissão de Direitos Humanos do Sindicato dos Advogados de São Paulo (SASP) esteve na USP. Mais precisamente na ocupação da reitoria da Universidade de São Paulo. A princípio, a comissão foi recebida com um certo receio por estudantes que estavam numa barraca de lona amarela em frente à porta principal do prédio.
Passados alguns minutos, e em contato com dirigentes do Sindicato dos Trabalhadores da Universidade de São Paulo (Sintusp), que também participa do movimento, a Comissão foi muito bem recebida pelos estudantes que acabaram mostrando todas as dependências da reitoria.
A Comissão de Direitos Humanos (CDH), representada nessa visita pelos diretores Alexandre Trevizzano Marin e Ismael Alves Freitas, se colocou à disposição do movimento para consultas e encaminhamentos jurídicos. A ajuda foi prontamente aceita e colocada em prática. Nesta semana, os estudantes já entraram em contato com a CDH e solicitaram informações sobre direito de resposta a uma notícia veiculada pelo jornal O Estado de São Paulo, na edição do dia 10 último.
Para Trevizzano, o contato mantido com os estudantes da USP foi muito importante, “vimos que eles têm capacidade de manter a organização e a luta. Estabelecemos com ele uma relação política e esperamos que esse movimento possa se consolidar como movimento pela valorização da escola, da universidade e do serviço públicos”.
Já Alves Freitas destacou que o importante agora é não permitir que o movimento fique isolado, “por isso estamos aqui nesse contato de apoio e solidariedade”.
Medo e revolta
Nas duas horas em que os diretores da Comissão de Direitos Humanos estiveram na ocupação da reitoria da USP, foram mantidas conversações com vários estudantes, que mostraram preparo e consciência políticas em defesa de reivindicações, como a qualidade do ensino público e, conseqüentemente, contra qualquer tipo de medida que signifique a privatização do ensino público.
Um dos integrantes da comissão de comunicação falou que eles sentem “medo e revolta”. “Medo porque não sabemos o que pode nos acontecer, inclusive em termos de invasão da polícia, e revolta por sermos tratados de forma tão sem respeito”, observou o estudante, que não identificaremos para evitar possíveis represálias.
Reivindicações
Iniciada no dia 3 de maio, a ocupação da reitoria da USP foi a forma que estudantes da Universidade de São Paulo encontraram para serem ouvidos. O movimento apresentou uma contra-proposta para a Reitoria da USP: a não punição de estudantes e funcionários envolvidos nas atividades políticas de greve e da ocupação; manutenção de todos os pontos da última contra-proposta da Reitoria (a carta oficial da Reitoria está exposta logo abaixo da ata); audiência pública para discutir o INCLUSP; construção do V Congresso Geral da USP legitimado pela reitoria, de pauta única: Estatuinte, a ser construída em diálogo com as três categorias. Organizado por uma comissão paritária composta de professores, estudantes e funcionários, o Congresso deverá ser aberto a toda comunidade universitária com voto proporcional paritário e deliberar diretrizes para um novo estatuto da Universidade.
Fatos e fotos
O receio que a organização do movimento da USP demonstrou no início com a chegada da Comissão de Direitos Humanos do Sasp é totalmente compreensível, já que o movimento vem recebendo muitas críticas. Mas para desfazer o mal-entendido, os estudantes fizeram questão de mostrar todos os locais da reitoria como prova de que o movimento respeita a universidade.
Por isso, colocamos à disposição no nosso site as fotos da ocupação da reitoria da USP. Clique e confira.