Por Marina Azambuja
O Sindicato das Advogadas e Advogados do Estado de São Paulo (SASP) realizou ontem, 15, o debate “O Fenômeno da Uberização nas Relações Trabalhistas”, com o objetivo de discutir a questão econômica, a precarização das condições de trabalho e os reflexos nefastos da reforma trabalhista instaurada em 2017 no país.
A atividade contou com a mediação da advogada e diretora do SASP Luzia Cantal e dos debatedores convidados Matheus da Cruz, Lazara Carvalho, Paulo Galo e Alfredo Attié Júnior.
O economista e professor universitário Matheus da Cruz abriu os debates destacando que o “fenômeno da uberização” está mais presente na vida das pessoas negras e que a tecnologia aplicada nas relações trabalhistas não garante melhores condições aos trabalhadores.
A advogada, diretora do Movimento da Advocacia Trabalhista (MATI) e professora Lazara Carvalho, também destacou a situação de insegurança que as pessoas pretas e, principalmente, as mulheres estão sujeitas. Lazara enfatizou que após o golpe de 2016 o país teve a sua legislação trabalhista enfraquecida e a desigualdade social foi um dos seus reflexos.
“A pobreza tem cor.”
O entregador anfascista e ativista Paulo Galo iniciou a sua fala relatando que o desemprego é uma das razões pelas quais os trabalhadores se submetem ao trabalho precário. Galo evidencia que hoje há expansão dos entregadores que lutam por seus direitos em diversos lugares do país. Para o ativista, compreender que o trabalhador é a mercadoria mais cobiçada do mercado é o ponto inicial para romper as barreiras e conseguir melhores condições de trabalho, moradia, alimentação digna, saúde e educação.
“Como daremos certo em um país que o produto somos nós?”
O desembargador e presidente da Academia Paulista de Direito, Alfredo Attié Júnior, fez um panorama social e afirmou que em sua visão a economia é anticivilizatória, além de destacar a democracia como regime político.
Ao final do debate o advogado e presidente do SASP, Fábio Gaspar, discursou sobre a importância da luta dos trabalhadores e os direitos que foram adquiridos por meio dela, como a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), férias e o décimo terceiro salário.
“O mais importante é trazermos os trabalhadores. Com muita luta conseguimos reconquistar os nossos direitos.”
A advogada e conselheira do SASP, Eidy Lian Cabeza, destacou que o capitalismo utiliza-se da capacidade reprodutiva das mulheres, pois são capazes de conceber pessoas que serão exploradas pelo sistema posteriormente gerando mão de obra.