Por Shirley Candido Claudino e Sandra Monção
Forjadas nos caminhos de nossas ancestrais, seguimos firmes em nosso propósito de resgate histórico dessas mulheres.
O dia 25 de julho é o Dia Nacional de Tereza de Benguela e o Dia Internacional da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha.
A versão brasileira do dia 25 de julho, por meio da homenagem a Tereza de Benguela, se dá por sua relevante contribuição na luta contra a escravidão e liberdade dos povos afrodescendentes no Brasil. Buscando referendar e dar destaque as nossas figuras históricas, principalmente as femininas, que fizeram parte da construção da nossa sociedade.
Por aqui, usamos também o termo julho das pretas, no intuito de criar um período de reflexão sobre diversos temas que garantidamente influenciam a vida da mulher negra brasileira em todas as suas camadas sociais.
Reflexões sobre as desigualdades enfrentadas por essas mulheres, boas práticas de incentivo na construção de redes de apoio e solidariedade entre elas e estimulando ações de empoderamento e fortalecimento.
Temas tão caros as mulheres de modo geral, mais, ainda, para as mulheres negras que enfrentam por toda a sua existência, o sexismo, discriminação por suas características físicas, identidade, maternidade (maternagem), mercado de trabalho, igualdade salarial, racismo, colorismo, entre tantos outros como a solidão da mulher precarizam ainda mais a vida dessas mulheres.
A história, mostra que vivemos ainda hoje sob o julgo dos efeitos da escravidão na sociedade brasileira, e que as estruturas continuam a nós invisibilizar, seja em nossas vidas particulares, familiares e sociais, seja nos espaços de poder, ou nas políticas públicas que não são efetivas de modo a gerar resultados.
Já avançamos bastante. Mas a luta é diária constante e temos que ser resilientes e vigilantes, pois os direitos não foram nos dados. Foram conquistados por meio de muita luta, suor e sangue.
Forjadas nos caminhos de nossas ancestrais, seguimos firmes em nosso propósito de resgate histórico dessas mulheres. Usando o seu legado como força motriz para as nossas batalhas diárias, para que nunca mais nos apaguem da história e nunca mais nos silenciem.
E que nossas vozes ecoem para além do julho das pretas, permeando mudanças em todas as camadas da sociedade brasileira, reestruturando o sistema em defesa dos direitos dessas mulheres efetivamente, impactando suas vidas.
Shirley Candido Claudino é Advogada e Membro da Comissão de Igualdade Racial e Verdade Sobre a Escravidão do Sindicato dos advogados e Advogadas do Estado de São Paulo (CIRVE – SASP).
Sandra Monção é Advogada e Coordenadora da Comissão de Igualdade Racial e Verdade Sobre a Escravidão do Sindicato dos advogados e Advogadas do Estado de São Paulo (CIRVE – SASP).