Por Marina Azambuja
O debate “A Importância da Manutenção das Cotas como Meio de Reparação Histórica” foi realizado ontem (18) no auditório Maria da Penha na sede do Sindicato das Advogadas e Advogados do Estado de São Paulo (SASP). A mesa organizada pela Comissão de Igualdade Racial e Verdade sobre a Escravidão do SASP contou com a mediação do advogado e coordenador da Comissão Dr. Jonadabe Laurindo e das advogadas Dra. Mabel de Souza e a Dra. Roseli Santos como debatedoras.
A atividade foi aberta pela advogada e também coordenadora da Comissão Sandra Monção e posteriormente a palavra foi encaminhada ao presidente da entidade, Dr. Fábio Gaspar.
O Dr. Jonadabe Laurindo iniciou a sua fala destacando a importância de levar a discussão sobre cotas e igualdade racial para a base, como escolas para que as crianças compreendam melhor como foi a trajetória do povo negro no Brasil. O advogado também citou a disparidade existente no mundo jurídico, o qual há massiva participação de brancos e pouca presença de pretas e pretos.
Em seguida a advogada, escritora e pesquisadora da história do povo negro, Dra. Mabel de Souza, discursou sobre a construção da dignidade do povo negro e o contexto científico repleto de pseudoteorias raciais que servia de instrumento de denominação disseminados em todo o mundo e que surte efeitos até os dias atuais. Souza também enfatiza que a marginalização criada pelo Estado desde o Brasil Colônia foi o caminho destinado às negras e negros e deve ser reparado.
“Estou aqui para falar sobre o ontem, o porquê da reparação, o porquê das cotas e quais os dispositivos usados para cercear e impedir a população negra de formar uma classe média nesse país. De ter dignidade e acesso à educação.”
A advogada e coordenadora do Coletivo Esperança Garcia, Dra. Roseli Santos, também fez um panorama histórico e falou sobre a importância das políticas públicas, que foram arduamente conquistadas por décadas e que para mudar é necessário promover a mobilização social de toda a sociedade. Santos destacou que há um racismo estatal e um racismo estrutural e que para serem derrotados é necessário a força da coercitividade da lei, para que condutas preconceituosas não sejam normalizadas e praticadas.
“Pra perder política pública é muito rápido. Para nós construirmos políticas públicas, que são as ações afirmativas levam décadas.”