SASP se solidariza com trabalhadoras e trabalhadores da MRV em Campinas

por | ago 13, 2021 | Geral

Divulgação: MRV

O Sindicato das Advogadas e Advogados do Estado de São Paulo – SASP- vem expressar sua solidariedade à greve que os trabalhadores e as trabalhadoras da construção civil vêm realizando nos canteiros da MRV em Campinas.

A greve foi decretada no dia 13 de julho, para reivindicar o pagamento de PLR (equivalente a um salário) e a adoção de melhores condições de trabalho. Até agora a empresa tem se recusado a fazer uma proposta decente de pagamento, mesmo com a intermediação do Ministério Público do Trabalho, tendo, ao contrário, oferecido apenas o pagamento de um bônus no valor de 650 reais, que é o valor atual de uma cesta básica de alimentos para uma família para um mês.

Enquanto doa terrenos no valor de R$ 50 milhões a clubes de futebol, a empresa trata os trabalhadores e as trabalhadoras de forma senhorial, em condições que os próprios empregados reconhecem que “não podiam estar acontecendo no século XXI”. Além disso, a empresa lucrou durante anos com o Programa “Minha Casa, Minha Vida”, que previa o pagamento de parte do valor do apartamento via orçamento público, os assim chamados subsídios, ou seja, mesmo possuindo dinheiro suficiente para doar terrenos, mesmo recebendo verba pública durante anos para sua atividade que tinha como fim unicamente o lucro, mesmo nessas condições a empresa não se dispõe a pagar um valor de cerca de 2 mil reais para os trabalhadores em forma de Participação nos Lucros e Resultados e melhorar suas condições de trabalho.

Além desses motivos, mais do que suficientes para demonstrar a intransigência da empresa em relação aos seus trabalhadores, é importante ressaltar que a maioria dos trabalhadores são migrantes nordestinos ou descendentes desses que saíram de seus estados de origem em busca de melhores condições de vida no sudeste; para esses trabalhadores e essas trabalhadoras que a empresa não quer pagar PLR e que assedia para voltarem ao trabalho !

Não bastasse, e para que não se duvide do caráter classista das relações de trabalho, em 11 de agosto a MRV publicou os resultados do 2º trimestre de 2021, anunciando que “a maior construtora residencial da América Latina” teve no trimestre “recorde histórico” de vendas líquidas (R$ 2,06 bilhões) e de lançamentos de unidades (R$ 2,40 bilhões), sendo que o “recorde histórico de lançamentos” incluiu “o lançamento de dois empreendimentos da AHS, nos EUA, e um empreendimento da Urba em Campinas”.

Somente em Campinas, em que se dá a luta de trabalhadoras e trabalhadores da MRV por condições dignas de trabalho e PLR – não havia sequer papel higiênico nos banheiros utilizados por trabalhadores e trabalhadoras -, a empresa anunciou no balanço recentemente publicado: “Em 11 de junho foi lançado o Smart Urba Dunlop, na cidade de Campinas, com um total de 980 unidades e R$ 149 milhões” em vendas, com sucesso medido na rapidez da comercialização das unidades: “o lançamento foi um sucesso e registrou 46% de vendas em apenas 19 dias.”.

A MRV, mesmo tendo apresentado resultados favoráveis nos últimos meses (e anos), consolidando-se como a maior construtora habitacional da Am. Latina, com operações por todo o Brasil e em outros países, não remunera decentemente nem oferece condições mínimas de trabalho com dignidade aos trabalhadores e trabalhadoras, sobre cujo suor e esforço erige uma empresa de sucesso e enriquece os proprietários privados dos meios de produção.

Queremos, por fim, saudar especialmente as mulheres trabalhadoras que também estão nessa luta, muitas tendo que se desdobrar para cuidar dos filhos e da casa enquanto se mantêm intransigentes junto aos seus colegas de trabalho para lutar por melhores condições no local de trabalho e de salário!

Fábio Roberto Gaspar

Presidente do Sindicato das Advogadas e Advogados São Paulo

error: Conteúdo protegido.