Militarização do governo Temer se consolida com a efetivação de general militar na Defesa

por | jun 17, 2018 | Jornal do Sindicato | 0 Comentários

temer militarizaçãoO presidente Michel Temer acaba de efetivar o general Joaquim Silva e Luna para o cargo de Ministro da Defesa. É a primeira vez que um militar assume a pasta desde sua criação, em 1999. Luna é o ministro interino desde fevereiro deste ano, quando substituiu Raul Jungmann, transferido para o Ministério Extraordinário da Segurança Pública. A decisão é contrária à promessa feita por Temer, no último mês de março, de que Luna seria substituído por um civil. O presidente também teria decidido contra seus assessores, contrários à escolha de um militar.

A escolha do general demonstra a crescente militarização do governo Temer, marcada pelos decretos de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), da intervenção federal no Rio de Janeiro e da lei que transfere para a Justiça Militar o julgamento de militares que cometerem crimes contra civis.Os militares também exercem cargos de importância em outros setores chave do governo, como a Agência Brasileira de Inteligência (ABIN), a Fundação Nacional do Índio (Funai) e a Casa Civil.

Em fevereiro, na ocasião da nomeação de Luna para ministro interino, a escolha foi alvo de críticas. Para o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, a pasta da Defesa é “típica de um civil”. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso ressaltou que a presença de um civil à frente do ministério era um símbolo de qual poder prevalece no país.”Governos, sobretudo quando não são fortes, apelam para os militares”, declarou o ex-presidente.

A criação do Ministério da Defesa, em 1999, teve como objetivo afastar o histórico ruim da ditadura militar. O modelo de Fernando Henrique, de inspiração americana, tinha por objetivo colocar nas mãos dos civis as decisões sobre defesa nacional, deixando para os militares seu planejamento e execução. A pasta foi criada em substituição ao Ministério da Aeronáutica, do Exército, da Marinha e do Estado Maior, e gerou insatisfação entre os militares. A pasta, no entanto, sempre foi frágil institucionalmente, dependendo desde o início de relações apaziguadoras com os militares.

 

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