“Projeto de Cunha ajuda a reforçar cultura de violência contra mulher”, afirma militante da Marcha Mundial das Mulheres

por | out 27, 2015 | Jornal do Sindicato | 0 Comentários

O PL 5069/13, de autoria do presidente da Câmara, foi aprovado na CCJ e deve ir a análise no plenário da Câmara nos próximos dias.

O Projeto de Lei 5069/13, de autoria do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), aprovado em Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) na última quarta-feira (21), que busca restringir a atuação de profissionais de saúde que possam auxiliar um aborto é alvo de críticas de militantes e movimentos de mulheres.

dep CunhaO texto foi aprovado por 37 votos favoráveis e 14 contra – apenas 6 mulheres compõe a CCJ. O novo teor do projeto retirou a obrigação de realizar o exame de corpo de delito, porém, mantém a condição de que a vítima se apresenta à delegacia para poder ter acesso ao atendimento.

Críticas

A deputada Cristiane Brasil (PTB-RJ), afirmou que proposta limita uma conquista das mulheres: o atendimento humanitário em serviço de saúde. “A decisão sobre se ela quer ou não ir à delegacia deve ser da mulher; mas, depois de ter seu corpo vilipendiado, nenhuma mulher pode ser obrigada a fazer um exame de corpo de delito”, declarou.

Maria Júlia Monteiro, militante da Marcha Mundial das Mulheres, acredita que o projeto “dificulta o acesso das mulheres ao aborto legal e também aos mecanismos de prevenção de gravidez e de doenças sexualmente transmissíveis”. Ela explica que o procedimento atual é menos invasivo para as mulheres. “Hoje, o Boletim de Ocorrência não é necessário para se fazer o atendimento de saúde necessário depois de um estupro, então a mulher pode receber pílula do dia seguinte, coquetel contra HIV etc, e também realizar o processo de interrupção da gravidez – que, nesse caso, é permitido pela legislação brasileira.”

Para Maria, o fato de ser necessário a presença da vítima na delegacia, reforça a cultura de violência contra a mulher. “No perfil de Facebook do Eduardo Cunha, ele diz que (o projeto) é pra ter certeza de que mulheres que não foram violentadas não vão mentir só pra poder abortar”

A Marcha Mundial das Mulheres, já prevê ações futuras caso o projeto siga para a votação “Estamos preparando ações de rua e outras atividades, também em conjunto com as organizações que compõem a frente nacional pela legalização do aborto e descriminalização das mulheres. Ainda não temos nada fechado, mas certamente iremos às ruas em breve”, informam militantes.

 

Veja como votou cada deputado:

Favor

Aguinaldo Ribeiro (PP-PB)

Alceu Moreira (PMDB-RS)

Antônio Bulhões (PRB-SP)

Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP)

Arthur Lira (PP-AL)

Bruno Covas (PSDB-SP)

Capitão Augusto (PR-SP)

Covatti Filho (PP-RS)

Deleg. Éder Mauro (PSD-PA)

Diego Garcia (PHS-PR)

Evandro Gussi (PV-SP)

Fausto Pinato (PRB-SP)

Francisco Floriano (PR-RJ)

João Campos (PSDB-GO)

Juscelino Filho (PRP-MA)

Marco Tebaldi (PSDB-SC)

Marcos Rogério (PDT-RO)

Pastor Eurico (PSB-PE)

Pedro Cunha Lima (PSDB-PB)

Marco Feliciano (PSC-SP)

Rogério Rosso (PSD-DF)

Ronaldo Fonsceca (PROS-DF)

Sérgio Souza (PMDB-PR)

Veneziano Vital (PMDB-PB)

Delegado Waldir (PSDB-GO)

Eduardo Bolsonaro (PSC-SP)

Elmar Nascimento (DEM-BA)

Gonzada Patriota (PSB-PE)

Gorete Pereira (PR-CE)

Jefferson Campos (PSD-SP)

Laerte Bessa (PR-DF)

Lincoln Portela (PR-MG)

Paulo Freire (PR-SP)

Renata Abreu (PTN-SP)

Sóstenes Cavalcante (PSD-RJ)

Vitor Valim (PMDB-CE)

Contra

Bacelar (PTN-BA)

Chico Alencar (PSOL-RJ)

Cristiane Brasil (PTB-RJ)

José Fogaça (PMDB-RS)

Luciano Ducci (PSB-RS)

Maria do Rosário (PT-RS)

Paes Landim (PTB-PI)

Paulo Teixeira (PT-SP)

Rubens Pereira Jr. (PCdoB-MA)

Tadeu Alencar (PSB-PE)

Valmir Prascidelli (PT-SP)

Erika Kokay (PT-SP)

Moema Gramacho (PT-BA)

Reginaldo Lopes (PT-MG)

 

 

*Por Victor Tineo, Brasil de Fato

error: Conteúdo protegido.