SASP participa de Ato na PUC em defesa da Democracia e contra o Golpe

por | mar 18, 2016 | Jornal do Sindicato | 0 Comentários

Um Ato pela Legalidade Democrática e contra o golpe reuniu na noite desta quarta-feira, 16 de março, importantes juristas, advogados, professores, artistas e lideranças de movimentos sociais em defesa da democracia, no TUCA (Teatro da Universidade Católica de São Paulo), promovido pelo Fórum 21, criado a partir das eleições de 2014, frente ao recrudescimento conservador, para reunir ideias voltadas ao avanço social, e pelo Centro Acadêmico 22 de Agosto, dos alunos de Direito da PUC-SP. Bastou o ator Sérgio Mamberti falar “boa noite” para a plateia que superlotava o auditório do Tuca começar a gritar em uníssono: “Não vai ter golpe!”.

O presidente do Fórum, Anivaldo Padilha, leu um manifesto assinado por diversos intelectuais em que ressalta que uma democracia não pode permitir que os representantes do povo ajam fora da lei. “Não se combate a corrupção corrompendo a Constituição”, destacou um trecho do documento.

Assis Legalidade 2

Presidente do SASP, Aldimar Assis no ato da PUC

O Presidente do SASP, Aldimar de Assis, destacou que “o Sindicato dos Advogados já sentiu na própria pele o que é o golpe; ele foi cassado na ditadura militar, teve sua sede invadida e vários diretores presos. E só conseguiu se reabilitar 30 anos depois com o término da ditadura militar. Por isso nós estamos engajados na luta pela legalidade, na luta pela democracia. Quero aqui anunciar que amanhã mesmo já estaremos apresentando uma nova representação contra o juiz Sérgio Moro junto ao Conselho Nacional de Justiça”, informou sob aplausos. Há alguns dias o SASP já havia encaminhado outra representação contra Moro, por ter ameaçado um dos advogados de Lula e tentado obstruir o exercício da advocacia e as prerrogativas constitucionais de advogados dos réus na chamada “Operação Lava-Jato”.

O escritor Fernando Morais denunciou: “Nós sabemos quem são vocês. Eles querem que a gente seja republicano para que eles continuem a explorar o povo. O que eles temem é um projeto de nação que tirou milhões da miséria”.

O advogado Fábio Konder Comparato pontuou os grandes males que o capitalismo causa na sociedade e decretou a sua decadência. Disse que é preciso “desmistificar aos olhos do povo a dominação da oligarquia no país”, pediu mais empenho de todos na “educação política” para uma “revolução ética” e centrou fogo na concentração da mídia nas mãos de apenas seis famílias.

O respeitado jurista Celso Antônio Bandeira de Melo destacou a importância daquele ato ser na PUC-SP, faculdade que tem tradição na defesa dos direitos e da democracia. “O que o [Sérgio] Moro faz é judiciamento errado e isso eu posso dizer com todas as letras”, afirmou. “Estamos vendo ser preparado um golpe. Essas passeatas não representam o povo brasileiro”, disse.

Sobre a conjuntura atual, a psicanalista Maria Rita Khel foi enfática: “O que está em jogo é a luta de classes”. Para ela, o importante agora é disputar as ideias, ganhar as ruas e as pessoas para o projeto que tem mudado o país.

Pouco antes da fala da filósofa Marilena Chauí, cantores da Liga do Funk ocuparam o palco para denunciar o descaso que governos passados tiveram com a favela e, de forma descontraída e séria, mostraram como a ascensão social do pobre incomoda os conservadores.

O microfone foi então passado para as mãos da filósofa Marilena Chauí. Ela lembrou a onda conservadora que vem tomando conta do mundo e citou o exemplo do norte-americano Donald Trump, que tem apoio de grupos como a Ku Klux Klan.

Chauí disse que esses conservadores geram uma “massa desligada” e apontou um dos culpados: “A mídia brasileira é obscena. Impede o exercício da expressão e manipula a informação para produzir a falsa informação. Aí, eu passo a acreditar que sei do que se trata porque recebi as informações às avessas”. Chauí  convocou a união dos diversos movimentos progressistas para “nos levar a ter propostas”, uma vez que a revolta que tem sido estampada pela direita não traz sugestões para a melhoria do pais e só se alimenta de ódio.

A presidenta da UNE, Carina Vitral, posicionou claramente o lado dos estudantes brasileiros em meio à polarização atual. “A UNE representa todos os estudantes brasileiros em especial os estudantes de baixa renda, os negros e negras, os de escola pública que agora entram na universidade pelo ProUni, por causa das cotas e por causa do Fies. Estaremos nas ruas em defesa do Estado Democrático de Direito”, defendeu.

Ato PUC

Auditório da PUC ficou lotado, e até um telão teve de ser colocado na parte externa,

onde milhares de pessoas acompanharam os debates

 

Já a presidenta da UBES, Camila Lanes, ressaltou que os avanços para os jovens só pode acontecer dentro da democracia. “Defender a democracia é defender a história do Brasil, é defender o direito de opinar, mas acima de tudo é defender o avanço, pois se não fosse na democracia não poderíamos nem sequer sonhar com a universidade, um emprego”.

A psicóloga Maria Rita Kehl analisou que o que está em jogo, “como sempre esteve”, é a luta de classes. “Eu vejo com muito alento que, após quatro governos seguidos do PT, não há mais tanta distância entre o que era chamada classe baixa e a classe média. A gestão do PT é fundamental porque mantém direitos e rendas básicos. É o partido que pode, mesmo com crises internacionais, diminuir os prejuízos das populações menos privilegiadas”. Ela lembrou a importância de ganhar as pessoas que ainda estão em cima do muro para as discussões progressistas. “Nós temos que ganhar gente. Há muitos confusos com toda essa situação. Se a gente não for conversar com eles, será a Globo”.

O evento se encerrou com um vídeo do ex-presidente do Uruguai, José “Pepe” Mujica, dando solidariedade ao Brasil neste momento turbulento. Depois, os presentes cantaram o Hino da Legalidade, usado para convocar o povo a resistir ao golpe militar contra a posse de João Goulart: Avante, brasileiros, de pé / Unidos pela liberdade…
(Com informações dos portais Vermelho e do Partido dos Trabalhadores)

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