O Sindicato dos Advogados de São Paulo participou da entrega do Prêmio Santo Dias de Direitos Humanos, realizado no dia 10 de dezembro, Dia Mundial dos Direitos Humanos, em comemoração à Declaração Universal dos DH, que foi publicada há 70 anos (1948) pela ONU – Organização das Nações Unidas.
Com o objetivo de homenagear representantes e instituições que atuam em prol dos direitos da população, a Assembleia Legislativa realizou sessão solene que marcou a 21ª edição do Prêmio Santo Dias de Direitos Humanos. Conduzido pelo deputado Carlos Bezerra Jr. (PSDB). A cerimônia foi realizada no plenário Juscelino Kubitschek.
Um dos homenageados foi o Advogado Benedito Roberto Barbosa, dirigente da União dos Movimentos de Moradia do Estado de São Paulo, que recebeu o prêmio – uma placa – das mãos do Deputado Estadual do PT, Alencar Santana, e do representante do Sindicato dos Advogados, Manoel Marx, que em nome do SASP entregou uma muda de pimenta de cheiro ao homenageado.
Manoel lembra que o SASP também homenageou com a muda de pimenta de cheiro o morador de rua Anderson Lopes Miranda, membro do MNDH-SP e Movimento Povo de Rua, no dia 8, quanto ele esteve na sede do Sindicato, Edifício João José Sady. A ideia da homenagem com a muda da pimenta, oferecida pela Banca de Flores Panamericana, foi do advogado Manoel Marx.
No dia 10, na ALESP, Anderson também recebeu o Prêmio Santo Dias, das mãos da deputada Ana do Carmo (PT).
O ex-ministro de Direitos Humanos Paulo Sérgio Pinheiro foi homenageado por indicação de Bezerra e da deputada Beth Sahão (PT). Representando o pai, Daniela Pinheiro agradeceu, expressando a emoção que sentiu por participar de uma premiação tão importante. “É uma honra ter nascido no berço dos direitos humanos e poder entender que a democracia é uma construção, compreendendo que a vida é construída a partir de amor, liberdade e respeito.” A representante ainda declarou que seu pai sempre se dedicou para que essa luta fosse compreendida por toda a população.
Benedito Roberto Barbosa, ao receber a homenagem, disse que se sentiu muito honrado em receber a indicação. “Para nós, é a continuidade da luta pelos direitos humanos. Sinto-me muito grato por estar recebendo este prêmio. É uma grande responsabilidade neste momento, em que ocorrem violações [de direitos] no Brasil”, disse.
Além destes, foram também homenageados na ALESP, João Pedro Stedile, do MST, por Márcia Lia (PT); Julio Cesar Neves, por João Paulo Rillo (PSOL); ONG Amigo de Você, representada pelo presidente Sérgio Ricardo Basso, por Clélia Gomes (AVANTE); Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco e Região, representado pelo secretário geral Gilberto Almazan, por Marcos Martins (PT); Jorge Camargo; Patrícia Rieper Leandrini Villela Marino; Roberto Kikawa (in memorian) e o poeta Sérgio Vaz, fundador da COOPERIFA.
Santo Dias
Nascido em 22 de fevereiro de 1942, em Terra Roxa, São Paulo, Santo Dias da Silva foi lavrador até 1961 – quando foi expulso com a família da fazenda onde morava, que passou a exigir registro profissional conforme a lei.
Na capital paulista, trabalhando em fábricas como operário metalúrgico, tornou-se líder conhecido entre a população. Em 1978, foi um dos membros da Oposição Sindical Metalúrgica de São Paulo, compondo também o Comitê Brasileiro pela Anistia (CBA). Líder operário muito conhecido no meio do movimento sindical e nas bases da Igreja Católica, Santo Dias era casado e pai de dois filhos.
Morto por policiais em 30 de outubro de 1979, durante um piquete por melhores condições de trabalho, tornou-se símbolo da luta operária. Seu nome foi eternizado em ruas, parques, pontos e no Centro Santo Dias de Defesa dos Direitos Humanos.
Velado na Igreja da Consolação, no centro da cidade, seu corpo foi levado para a Catedral da Sé, em cortejo seguido por 10 mil pessoas, antes de ser enterrado no cemitério do Campo Grande, na zona sul de São Paulo. Mesmo com o governo militar proibindo homenagens a ele, o cortejo de Santo Dias foi uma das maiores manifestações populares contra a ditadura militar. Segundo o site Memórias da Ditadura, o local de sua morte ainda é visitado anualmente, no dia em que foi morto, por militantes e sindicalistas.
(Comunicação SASP, com informações da ALESP)