SASP presta homenagem póstuma à advogada Maria da Penha Guimarães

por | ago 25, 2017 | Jornal do Sindicato | 0 Comentários

Homenagem sasp foto03O Sindicato dos Advogados do Estado de São Paulo prestou homenagem póstuma à ex-diretora do sindicato, a advogada negra Maria da Penha Santos Lopes Guimarães, no dia 24 de agosto, em sua sede. Uma Mesa Especial foi aberta após um debate sobre as prerrogativas da advocacia (veja matéria neste site), sob a coordenação da advogada Mercedes Lima, tendo ainda Ian Felipe, filho, e Maria do Carmo Guimarães, sobrinha da homenageada; e os advogados Valter Uzzo, Moema Batista e Silvaldo José Filho.

Abrindo a homenagem, Valter Uzzo destacou que até há recentemente havia poucos advogados negros no país, e mulheres negras, ainda menos. Quando ele conheceu Maria da Penha há anos, percebeu tratar-se de uma pessoa especial e uma grande profissional da advocacia. Logo ela se tornaria uma das diretoras do SASP na presidência de Uzzo, na Comissão pela Igualdade Racial. Para o ex-presidente do SASP, “ela sempre foi muito fiel à sua causa e aos trabalhadores”. Mas a advogada pernambucana sempre lutou contra os preconceitos que também sofria, sem esmorecer. Diz Uzzo que ela em certa fase da carreira, de grande competência, candidatou-se a juíza do TRT, na chamada “vaga do quinto” (reservada a advogados trabalhistas), mas teria sido preterida por motivos raciais.

Sinvaldo José Filho, em um longo discurso lembrou de sua convivência com Maria da Penha por mais de duas décadas, e do quanto ela era dedicada à militância social, racial, e pelas prerrogativas da advocacia. Certa vez ela teria defendido o direito do grupo Racionais cantar a música “O Homem na Estrada”, que a Polícia Militar proibia, acabando com os shows da banda; ela propôs um debate entre a corporação e os rappers, para que o direito de livre manifestação do movimento negro não fosse mais violado. Penha também foi a idealizadora da tradicional “Marcha Noturna pela Democracia Racial”, em 12 de maio de 1997, que perdura até os dias atuais.

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A advogada Moema Batista, do Rio de Janeiro, que veio a São Paulo especialmente para o evento, elogiou Maria da Penha e disse ser grata por tê-la como amiga e companheira de militância pela causa do negro e da advocacia trabalhista. “Nos conhecemos e foi amor à primeira vista; parabéns ao SASP pela homenagem à Penha; enquanto eu viver, vocês irão estar dentro de mim, e enquanto nós vivermos ela estará dentro de todos nós”, disse emocionada.

A sobrinha da homenageada, Maria do Carmo Guimarães agradeceu a todos pela homenagem à sua tia, e disse que “o nome dela era luta; ela colocava tudo de si em tudo o que fazia. Era uma mulher linda, ousada, e que se inspirou em grandes líderes como Martin Luhter King e Nelson Mandela”. Emocionada, ela concluiu que “Penha marcou todos nós, que tivemos um tempo com ela, a vivência com ela; era uma incontestável mulher de luta, de vida, guerreira!”.

O filho de Penha, Ian Felipe, último a discursar, emocionou a todos com seu breve e forte testemunho sobre a mãe. “O legado da minha mãe é a ascensão da mulher negra; o primeiro ser humano da Terra nasceu de uma mulher negra; o legado de Penha é a ascensão da negritude, dos pobres que ela defendeu a vida inteira”.

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Ao final da homenagem, o presidente do SASP, Aldimar Assis, diretores e advogados, ao lado de amigos e familiares de Penha, descerraram uma placa em homenagem a Maria da Penha Santos Lopes Guimarães no Auditório da entidade, que passa a ter o nome da advogada, com as datas de seu nascimento e falecimento (02/09/1946 – 05/08/2016), e a frase: “Como bem imortalizou nosso poeta dos escravos: A todos, luz e fanal! / Certamente cremos que a busca pela igualdade / sempre será o norte que conduzirá todos os grupos / à luz tão sonhada pelo poeta, da qual somos signatários”. Diretoria 2015-2018.

(Reportagem: Comunicação SASP)

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