No coração do golpe, o ataque ao pré-sal

por | out 4, 2017 | Jornal do Sindicato | 0 Comentários

PreSalA Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) retomou no dia 27 de setembro, os leilões de áreas para a exploração e produção de petróleo e gás natural, com a realização da 14ª Rodada de licitações. Os 287 blocos em oferta têm, segundo a agência, potencial para descobertas no pré-sal, embora sejam áreas oferecidas sob regime de concessão. A retomada dos leilões de áreas petrolíferas nas bacias sedimentares, após dois anos, ocorre após uma série de mudanças adotadas pelo governo, como a flexibilização das regras das licitações. Entre as principais alterações estão: a) desobrigação da Petrobras de atuar com exclusividade de operação nos campos do pré-sal; b) redução das exigências de conteúdo local; c) ampliação para 20 anos do Repetro – regime aduaneiro especial, que permite a importação de equipamentos específicos para serem utilizados diretamente nas atividades de pesquisa e lavra.

No leilão do dia 27, algumas gigantes do petróleo, que apoiaram alegremente o golpe, arremataram algumas áreas, como foi o caso da Exxon Mobil. Com os leilões de áreas do pré-sal, previstos para outubro, deverão vir todas as grandes multinacionais, agora já com as principais regras da L1ei de Partilha decapitadas, como José Serra havia prometido à Chevron, em 2010.

O desmonte da Petrobras e a entrega do pré-sal são extremamente funcionais à agenda de guerra que os golpistas colocaram em marcha: enfraquecem a capacidade de ação, externa e interna, do Estado brasileiro; dificultam muito a retomada da industrialização (para a qual a Petrobras é fundamental); internacionalizam ainda mais a economia brasileira, tornando o país uma plataforma de matérias primas das multinacionais, por baixo preço, visando compensar a crise mundial. Se houver correlação de forças (por exemplo, com um golpe militar), vão vender também a Petrobras, como pretendiam nos anos de 1990 (na gestão FHC), quando mudaram até o nome para Petrobrax. Neste momento estão desmontando a empresa, sem alarde, para facilitar o processo de venda do controle acionário para estrangeiros.

Alguns executivos de multinacionais do petróleo, como se poderia prever, não têm poupado elogios à direção da Petrobras, justamente em relação àquilo que é essencial para o país, no que se refere à lei de Partilha: fim das normas de conteúdo local, da exclusividade na exploração do óleo e do compromisso com o desenvolvimento. Ao mesmo tempo em que os atuais dirigentes da empresa são duros com os seus trabalhadores e com o povo em geral, agem com os representantes das multinacionais como verdadeiros poodles amestrados.

 

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