Organizadores esperam 200 mil pessoas no Anhangabaú (SP) no domingo

por | abr 15, 2016 | Jornal do Sindicato | 0 Comentários

Entidades se preocupam com segurança do público; esta é a primeira vez que grupos divergentes saem as ruas no mesmo dia

 

Frente Brasil PopularO Ato pela Democracia, marcado para este domingo (17), pretende reunir 200 mil pessoas no Vale do Anhangabú, na capital paulista. Isto é o que esperam os organizadores, em estimativa dada nesta quinta-feira (14), durante coletiva de imprensa no Sindicato dos Jornalistas de São Paulo. Além dessa manifestação, convocada pelas Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, outros protestos contra o golpe irão ocorrer em diversas cidades do país, sendo o principal em Brasília (DF)

Com o eixo de defesa da democracia e contra a política de ajuste fiscal, a manifestação deve intercalar intervenções políticas e artísticas. Centrais sindicais, sindicatos, movimentos populares da cidade e do campo, organizações de mulheres e de negros, artistas e outros segmentos da sociedade civil são esperados no ato, com concentração a partir das 10h.

Esta será a primeira vez que grupos contrários e favoráveis ao impeachment protestarão no mesmo dia. Douglas Izzo, presidente da Central Única dos Trabalhadores em São Paulo (CUT-SP), afirmou que representantes de ambas as Frentes se reuniram com o comando da Polícia Militar (PM) para definir diretrizes de segurança. A preocupação é de que conflitos ocorram, em especial no transporte público. O Metrô de São Paulo deve dobrar o número de seguranças neste domingo. “Pedimos também o mesmo tratamento da PM, pois já tivemos problemas com a polícia, que tem mostrado apoio mais efetivo aos que pedem o impeachment do que aos grupos que pedem democracia”, disse.

Na coletiva, foi apresentado dados de uma pesquisa encomendada pela CUT ao Vox Populi, que revela que, mesmo que 57% da população seja favorável, 58% dos entrevistados acreditam que o impeahcment não vai resolver os problemas econômicos do país – apenas 35% acham que a cassação do mandato da presidenta Dilma Rousseff resolveria a crise política e econômica. Além disso, de acordo com a pesquisa, 61% dos entrevistados avaliam negativamente o vice-presidente Michel Temer e 49% acham que o impeachment é uma forma de vingança do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara dos Deputados.

Para eles, o estudo revela que os brasileiros estão divididos quanto à atuação do Congresso. Segundo Josué Rocha, coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e da Frente Povo Sem Medo, os movimentos têm feito um esforço no sentido de mobilizar a população que não faz parte de setores organizados da sociedade, mas ainda assim não apoiam a destituição da presidenta Dilma. “Estamos realizando uma série de atividades, como aulas públicas, que dialogam para fora dos movimentos”, disse. Ele afirmou ainda que, além das centrais sindicais e movimentos populares, espera-se milhares de pessoas que não necessariamente estejam apoiando o governo Dilma saiam às ruas, mas que estas tenham a compreensão de que é necessária a “vitória contra o golpe, para avançar, por exemplo, na vitória contra o ajuste fiscal”.

Os organizadores afirmaram que estão se articulando para todos os cenários possíveis após a votação no Câmara dos Deputados deste domingo. “Hoje faz um mês que a direita fazia grande manifestação na [Avenida] Paulista. Imediatamente, nosso campo democrático reagiu e fez grandes mobilizações”, afirmou Raimundo Bonfim, coordenador geral da Central de Movimentos Populares (CMP) e coordenador da Frente Brasil Popular, em referência às manifestações pelo impeachment na Avenida Paulista no dia 13 de março.

A divisão da sociedade simbolizada pelo muro que foi construído em Brasília para as manifestações de domingo, para eles, sempre existiu e persistirá, seja qual for resultado da votação na Câmara, como afirma Mateus Lima, da Intersindical.  “O país sempre foi dividido entre o centro e periferia, por exemplo”, avaliou. O presidente da CUT, Douglas Izzo, adicionou: “Quem trabalha com divisão é a oposição, desde aquele mapa vermelho e azul nas eleições. Essa polarização não se encerra com o processo de impeachment. Este só é um momento de maior polarização que está explícito politicamente”, disse.

Onofre Gonçalves, presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) em São Paulo, ressalvou que, mesmo em um cenário em que o processo de impeachment não seja encaminhado ao Senado, a luta das ruas não deve se encerrar. Ele também afirmou que os movimentos populares já estão se preperando, seja qual for o resultado da votação de domingo. “Se for vitória da democracia, vamos ter que reposicionar. Em caso de derrota, vamos continuar a luta. Não tem a menor chance de reconhecermos um governo que não seja democraticamente eleito pelo povo”, sentenciou.

Os dirigentes lembraram ainda que, nesta quinta-feira, 186 deputados e senadores assinaram um documento em que afirmam que devem votar contra o impeachment. Para Josué Rocha, do MTST, os deputados têm tomado decisões com muita irresponsabilidade ao não pensar em um cenário pós-impeachment. “Aos indecisos ou que esperam o calor do momento para decidir o voto, é importante deixar o recado de que o povo se lembrará deles como sendo aqueles que contribuiram ou não para apoiar um golpe que está sendo dado ao país”, avisou.

Pequenas marchas devem sair das Praças da República, da Sé e Roosevelt, além da Estação da Luz, em direção ao ato no Anhangabaú. A mobilização está prevista para se encerrar por volta das 22h.

 

*Brasil de Fato

error: Conteúdo protegido.