STF tem de defender a Constituição, não a Lava Jato, diz professor da Unicamp

por | ago 28, 2019 | Jornal do Sindicato | 0 Comentários

Ministro Gilmar mExcessos da operação têm de ser criticados e as decisões, revistas ou anuladas, diz Wagner Romão, que defende decisão do Supremo que anulou sentença de Moro

São Pauio – O professor de Ciência Política da Universidade de Campinas (Unicamp) Wagner Romão acredita que Supremo Tribunal Federal (STF) pode apresentar mudança, após as denúncias da Vaza Jato, possibilitando que os ministros “garantistas” formem nova maioria no plenário. “É preciso constranger o Judiciário para que ele seja um guardião da Constituição, e não um guardião da Lava Jato. Todos os excessos da operação têm que ser criticados e as decisões, revistas ou anuladas”, afirmou em comentário na Rádio Brasil Atual.

A avaliação tem base na decisão da Segunda Turma do Supremo, desta terça-feira (27), de anular a sentença do ex-juiz Sergio Moro, em que condenou, em 2018, o ex-presidente da Petrobras Aldemir Bendine na Operação Lava Jato.

De acordo com ele, as divulgações feitas pelo The Intercept, feita também nesta terça, mostrando o teor dos diálogos entre procuradores da Lava Jato a respeito das mortes de Mariza Letícia, de seu neto Arthur e de seu irmão Vavá, criam um novo sentimento na Corte. A declaração do ministro Gilmar Mendes, na qual afirmou que é preciso reconhecer que o Supremo Tribunal Federal é cúmplice “dessa gente ordinária” e que a Corte participou de um grande vexame, é outro exemplo citado por Romão.

“O voto da Carmen Lúcia é o que chama a atenção, pois ela votava pela sustentação política da Lava Jato no STF, mas mudou. Esse elemento é importante. É triste ler as declarações dos procuradores sobre a morte dos familiares do Lula e isso cria, até no STF, um novo sentimento em alguns dos ministros”, disse.

O professor também comentou o pedido de desculpas feito pela procuradora Jerusa Viecili, da Lava Jato. Ela é uma das envolvidas nas conversas ofensivas ao ex-presidente. Para Wagner, além de confirmar a veracidade das mensagens, a procuradora deveria se afastar do cargo. “Apenas justificar isso via rede social é pouco. Essas pessoas passaram em cargos públicos e nesses processos seletivos está o quesito da idoneidade e imparcialidade, então é preciso de algo maior do que um pedido de desculpas”, concluiu.

 

*RBA

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