Justiça decreta prisão perpétua para três oficiais do exército, retirada das patentes e perda da aposentadoria

por | mar 21, 2012 | Notas Rápidas | 0 Comentários

A Justiça impõe prisão perpétua para três oficiais do exército e perda de postos, regalias e aposentadoria e condena dois civis a onze anos e 15 anos de prisão pelo sequestro e assassinato do advogado trabalhista Carlos Moreno. Também foi  aberta uma investigação para esclarecer a cumplicidade da empresa de cimentos no sequestro e assassinato dos crimes ocorridos durante a ditadura.


Meu pai acabou de ganhar um novo julgamento ", disse Matias. "Isso significa alegria", disse Martin. Com um festival no coração de Tandil, os dois filhos do advogado trabalhista Carlos Alberto Moreno Olavarria celebraram as penas de prisão perpétua de três militares, a serem cumpridas em prisão comum, e sentenças de 11 e 15 anos para os dois civis acusados de seqüestro, tortura e assassinato de seu pai, durante a ditadura. Em seu acórdão, o Tribunal Oral Criminal Federal de Mar del Plata, na Argentina, também mandou investigar os diretores da empresa de cimentos Loma Negra, sob suspeita de terem  "induzido" o crime. Também serão investigados dois juízes da Suprema Corte e o ministro do governo anterior de Buenos Aires, Lamont James Smart, que endossaram a versão militar dos fatos.
O Tribunal leu a decisão às 19:30, do dia 16 de março de 2012, mas o clima de festa já tinha começado uma hora mais cedo, quando diferentes bandas começaram um festival no canto do auditório da Universidade Central (UNICEN), onde o julgamento teve inicio a partir de 9 de fevereiro. As 20 horas, todos já estavam de volta na rua e a celebração foi estendida até a meia-noite. 
O tribunal, composto por Robert Falcone, Mario Portela e Ruben Parra, leu a parte da sentença em que se condenou, por unanimidade, o major Italo Roque Pappalardo,  o coronel Julio Alberto Tomassi, e o suboficial José Luis Ojeda,  condenados à "prisão perpétua e inabilitação absolutamente permanente, a suspensão do gozo de qualquer pensão de aposentaria ou reforma que possam perceber", por terem sido  "autores materiais" de privação ilegal e imposição de tortura e homicídio duplamente qualificados  agravados pelo fato de terem se aproveitado e traido a confiança da vitima (em espanhol: alevosia), o advogado trabalhista Moreno. 
Os dois civis condenados foram o irmão mais velho, Emilio Mendez, a 15 anos de prisão, e  Julio a onze anos, por serem "participantes" nos mesmos crimes. Foram condenados e cumprirão as penas em "unidades sob o Serviço Penitenciário Federal." 
Além disso, os juízes encontraram evidências no debate oral de "provas para suspeitar que os membros do conselho de administração da empresa de cimento Loma Negra teriam induzido os crimes" que  terminaram com o assassinato de Moreno. Deste modo foi detereminado que o processo vai prosseguir e será iniciado uma nova "investigação" dos fatos. 
Também se mandou investigar dois ex-ministros do Supremo Tribunal de Buenos Aires e o ex-ministro do governo James Smart, considerando que há indícios de que tenham participado na criação de documentos do ‘V Corpo do Exército’ afirmando fatos "falsos", e com isto vai se dar início a um processo criminal contra o chefe do regimento  Olavarria, durante a ditadura, General Ignacio Verdura. 
O veredicto foi lido na frente da viúva e filhos de Moreno, que estavam na primeira linha ao lado da Mãe da Plaza de Mayo, Tati Almeyda, o deputado e  neto recuperado Horacio Pietragalla Corti, o subsecretário de Direitos Humanos da Nação, Luis Alen, a secretária de Direitos Humanos de Buenos Aires, Sara Cobacho, e o reitor da universidade de Buenos Aires, Roberto Tassara. 
Mais cedo, os filhos do advogado trabalhista haviam se reunido com o vicegovernador Gabriel Mariotto, que manifestou seu total apoio. "Esta é uma decisão histórica, porque inclui todos os responsáveis por terrorismo de Estado: os membros  Exército, os civis e os grupos econômicos, com o pedido de investigação de Loma Negra pelo assassinato de Moreno.
Para a prisão comum ", reflete Carlos Pisonni de HIJOS. Na sequência da decisão judicial, mais de 300 pessoas celebraram as condenações com um  festival musical.
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