Por Bruna Hernandes*
Hipócrates foi um homem que mudou o conceito da medicina a transformando em
uma ciência. Um dos seus principais conceitos foi a distinção entre sintoma e doença, elaborou e cumpriu um rigoroso código de ética médica, cuja a base espinhal está no Juramento de Hipócrates, latente e vivo até hoje usado na formatura dos Médicos. Essa importante história sobre a transformação da Medicina, nos faz refletir sobre a era do atendimento médico: a Telemedicina.
A lei sancionada em 15 de abril de 2020, que dispõe sobre o uso da telemedicina
durante a crise que vivemos, abriu precedente à inovação, ouso dizer que é um caminho
sem volta.
Telemedicina é a transformação que a Saúde precisa. A retomada da relação Médico – Paciente, um reencontro com o passado.
Esse isolamento físico que fomos obrigados à curva-se em nome da Coletividade, nos mostrou claramente que a tecnologia nos aproxima, nos socializa.
Guardada as devidas proporções sobre o uso indiscriminado ou substituto das relações físicas, seu uso moderado e propositivo traz benefícios à evolução humana.
É importante mencionar que a saúde basicamente classificada como primária, secundária e terciária, e dentro dessa classificação, podemos levar a saúde primária, através da Telemedicina a lugares que a medicina demora a chegar ou nunca chegou.
A telemedicina pode contribuir com a prevenção de uma doença e não apenas como medicina curativa. Além disso, encurtar a distância e trazer o paciente para mais próximo, cria um elo de confiança, a base central da relação Médico-Paciente.
Segundo o Professor de Medicina da Unicamp, Flávio César de Sá, “Oitenta e cinco por cento dos processos contra médicos não aconteceriam se tivesse ocorrido uma boa comunicação entre médicos, pacientes e familiares “.
Não é preciso afirmação científica para analisar esse fator. Com a telemedicina, o paciente reduz o tempo de espera de atendimento, o deslocamento, não gerando todo o estresse causado nos dias de hoje e reduz as chances de ser reativo.
Sem contar que evitar a presença física, previne várias doenças infecciosas, bom para o médico, para o paciente, para os profissionais da saúde e para o coletivo.
Outro aspecto positivo, é que através de um equipamento de tecnologia, é mais difícil uma acusação falsa, abusos, fraudes, que rotineiramente ocorre nas unidades básicas.
Todavia, é imperioso mencionar que a telemedicina não é substituto do atendimento presencial.
Nesse momento, a permissão concedida para a implementação da Telemedicina, tem como motivador a redução da propagação do COVID-19, isso porque, se o paciente está com alguns sintomas, não significa que deva se dirigir a uma Unidade Básicas, mas com tanta Notícia desenfreada, a insegurança conduz instintivamente o paciente a uma unidade hospitalar.
Através da telemedicina ele se sente seguro em falar com um Médico, reduzindo as
chances de ser contaminado em uma unidade básica de saúde.
Sendo assim, a consulta através da tecnologia seguirá o mesmo padrão de atendimento de uma consulta física. O médico segue protocolos, com base no atendimento, ele prescreverá tratamento ou outros procedimentos sem exame direto do paciente. Uma ressalva, a implementação do atendimento através da Telemedicina, segue um rigoroso controle de procedimento que o médico deverá atentar-se. Mas não é foco desse artigo.
O médico tem obrigação de atender aos preceitos éticos de beneficência, não-maleficência, sigilo das informações e autonomia, ou seja, ele só vai aplicar esse dever em um formato diferente de atendimento.
Corroborando com o argumento da aproximação da relação médico-paciente, e trazendo o pensamento do escritor inglês Charles Colton: “A má informação é mais desesperadora do que a não informação”, concordo.
Nessa era tecnológica onde vivemos uma overdose de informação e boa parte, má informação, ser atendido por um médico sem sair da sua casa, sem saber o que é verdade e o que é mentira, é acolhedor.
Essa modalidade de atendimento não vai substituir o contato físico ou o próprio médico, mesmo que a tecnologia venha (na verdade já está) a contribuir para a medicina, a comunicação ainda é o elo mais importante para a melhor prática médica. O médico consegue diagnosticar uma doença, a partir inicialmente da comunicação, avaliando sintomas, analisando exames e aplicando a técnica científica mais coerente, atual e possível do caso.
A telemedicina surge como mudança de era em tempo de necessárias mudanças
*Bruna Hernandes é Advogada especialista em Direito Médico e da Saúde. Por Graduada em Direito
Médico e da Saúde – Legale . Pós Graduanda em Compliance na saúde – pelo Hospital
Einstein. Diretora Adjunta da Associação Brasileira dos Advogados – Gestão 2019.
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